A vaca galega n'A viagem do elefante

O protagonista d'A viagem do elefante, a última novela de José Saramago, é o elefante Salomao. El é o regalo do rei portugués Joao III ao arquiduque Maximiliano da Austria, e como tal emprende unha longa viaxe desde Lisboa a Viena. Parte da mesma torre de Belem que o ano pasado coñecemos na excursión os de 3.º e 4.º ESO. Atravesa Portugal, España e Italia polos difíciles camiños do século XVI.

A vaca galega a penas é un conto do comandante da comitiva para amenizar un momento de descanso. Claro que os seus homes, expertos en lobos e en historias, descobren un truco ou trampa da narración oral que nós non imos revelar.

...foram doze dias e doze noites nuns montes da galiza, com frio, e chuva, e gelo, e lama, e pedras como navalhas, e mato como unhas, e breves intervalos de descanso, e mais combates e investidas, e uivos, e mugidos, a história de uma vaca que se perdeu nos campos com a sua cria de leite, e se viu rodeada de lobos durante doze dias e doze noites, e foi obrigada a defender-se e a defender o filho, uma longuíssima batalha, a agonia de viver no limiar da morte, un círculo de dentes, de goelas abertas, as arremetidas bruscas, as cornadas que nao podiam falhar, de ter de lutar por si mesma e por um animalzinho que ainda nao se podia valer, e também aqueles momentos em que o vitelo procurava as tetas da mae, e sugava lentemente, enquanto os lobos se aproximavam, de espinhaço raso e orelhas aguçadas. (...) Ao fim dos doze dias a vaca foi encontrada e salva, mais o vitelo, e foram levados em triunfo para a aldeia, porém o conto nao vai acabar aqui, continuou por mais dois dias, ao fim dos quais, porque se tinha tornado brava, porque aprendera a defender-se, porque ninguém podia já dominá-la ou sequer aproximar-se dela, a vaca foi morta, mataram-na, nao os lobos que a haviam salvo, talvez o própio dono, incapaz de compreender que, tendo aprendido a lutar, aquele antes conformado e pacífico animal nao poderia parar nunca mais.